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terça-feira, 9 de março de 2010

Infância



Lembro-me dos momentos de quando era criança, em que as dificuldades não eram problemas para mim, uma familia de muitos filhos e um pai desempregado não era motivo para tirar do meu rostinho a satisfação de ser crianças, verdadeiramente eu era feliz.

Os problemas passavam muito dispercebidos sobre meu mundinho de fantasias e brincadeiras. lembro-me também que meu avô era proprietário de um pequeno sítio e ali eu e meus irmãos brincáva-mos a tarde toda, todos os dias, quando vínhamos da escola do bairro.

Nunca tivemos condições de frequentar escolas particulares, muito menos comprar material escolar em inicio de ano. O meu material eram algumas folhas de cadernos, ainda do ano passado que sobrara e um lápis com borracha novinho dentro de uma sacola de supermercado, para não perder. Sempre falo para meus filhos que o que eles tem hoje, representa riqueza em comparação a vida sofrida e sem espectativas  daquela época. Roupas na maioria das vezes, eram de primos distantes...cheguei muitas vezes a guardar uma roupa ou outra para usar no final de ano, pois sabia que não haveria possibilidade de comprar.

Desde os 9 anos de idade que sou evangélica, e naqueles tempos de aperto, a minha fé e minhas orações eram primordiais para que a providência divina viesse ao nosso encontro. Logo que comecei a entender a nossa situação, pedia com muita frequência a papai do céu para nos ajudar, ajudar a minha mãe. Mas, antes mesmo de conhecer a Jesus, Ele sempre nos ajudou, com providências emergenciais. Era época de São João e eu e meus irmãos não tinhamos nada o que comer naquela noite, lembro-me que havia uma palhoça na frente de casa, onde se apresentavam quadrilhas de algumas regiões. Minha mãe havia me pedido para ir a padaria, pois haveria um sorteio de uma cesta básica com uma porção de milho. Durante meses a padaria registrou muitas pessoas que compravam pão alí para participar do sorteio da cesta de São João e nós fomos uma dessas pessoas. Fui tomar um banho de gato...rsrs pus um chortinho e uma camiseta de algodão, um chinelo no pé ... ( sinceramente, parecia um garotinho ) e fui emburrada, descer uma senhora ladeira para a bendita padaria, onde havia um montão de pessoas, querendo levar a cesta para casa. Quando cheguei bem perto do balcão, o proprietário disse: hei garoto, venha aqui sortear um nome... já fiquei irritada, por que me confundiu com um garoto, mesmo assim eu fui, quando pus a mão na caixa tirei o primeiro papel que toquei e meu nome estava escrito lá... Nossa, fiquei tão feliz...iria chegar em casa com uma cesta básica e ainda UM montão de milho para assar naquele dia. O proprietário da padaria nos levou de carro até à porta de casa e minha mãe, muito agradecida, preparou um banquete para todos nós.

"Deus ajuda a quem se ajuda".

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